3 transtornos mentais abordados no BBB 23 e como eles se caracterizam

Os transtornos mentais presentes nessa edição do BBB tem chamado a atenção do público, mas pouca gente sabe o que é cada um deles, quais suas características e como tratá-los. A psicóloga Milene Rosenthal, cofundadora da Telavita, clínica digital de saúde mental, explica a comenta o tema.
Foto: Globo

Manter a saúde mental estando confinado dentro de um reality show, com vigilância 24 horas por dia, não é uma tarefa fácil. Prova disso é que a 23ª edição do Big Brother Brasil, no ar diariamente desde o dia 16 de janeiro, vem colocando em evidência alguns transtornos mentais que merecem atenção. Em edições anteriores, alguns participantes não lidaram tão bem com a pressão e abandonaram o programa. Desta vez, isso ainda não ocorreu, mas, além das tradicionais brigas, romances e festas, houve situações que causaram desconforto e chamaram a atenção do público.

Dois deles são relacionados ao lutador Antônio ‘Cara de Sapato’. Logo no início, o participante passou por uma crise de pânico, resultado do estresse e da pressão relacionados ao jogo. A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade em que a pessoa tem ataques súbitos de pânico ou medo. É uma resposta natural a situações estressantes ou desconfortáveis.

Milene Rosenthal, psicóloga e cofundadora da Telavita, clínica digital de saúde mental, explica que é comum que alguém com a síndrome possa experimentar sentimentos de ansiedade, estresse e pânico regularmente e a qualquer momento, muitas vezes sem motivo aparente. “No caso de quem está participando do BBB, todas essas sensações podem vir à tona facilmente e levar ao ataque de pânico. A pessoa sente uma onda de sintomas físicos e mentais intensos, o que pode ocorrer rapidamente e ser assustador e angustiante”, salienta.

Durante um ataque de pânico, a pessoa pode ter sintomas como batimento cardíaco acelerado, sentir-se tonto, sudorese excessiva, náusea, dor no peito, falta de ar, tremores, ondas de calor e arrepios, entre vários outros. A maioria dos ataques de pânico dura entre cinco e 20 minutos.

Cara de Sapato também revelou ter Síndrome de Tourette desde criança. Essa é uma condição do sistema nervoso, que faz com que se tenha os conhecidos ‘tiques’, que podem ser espasmos, movimentos, gestos ou vocalizações súbitas repetidamente.

Neste caso, o lutador contou aos colegas a importância da terapia desde a infância para ajudá-lo a melhorar os sintomas. “A síndrome de Tourette pode estar acompanhada de outros transtornos de ansiedade, como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), mas nem sempre isso acontece. Quanto antes ela for diagnosticada, melhor. Fazer terapia desde cedo ajuda muito. Com ela, é possível trabalhar o transtorno junto com a criança para que os sintomas sejam amenizados ao longo da vida, como aconteceu com Cara de Sapato”, aponta Milene.

Outro caso envolvendo saúde mental que ganhou destaque na casa foi entre os participantes Gabriel e Bruna Griphao. Algumas atitudes e discurso do rapaz chamaram atenção da produção do programa por aspectos negativos, como machismo, agressividade e ameaças disfarçadas. Elas resultaram em uma chamada do apresentador Tadeu Schmidt, que alertou para o relacionamento abusivo entre os participantes.

Neste caso, a agressão psicológica pode ser chamada de gaslighting, um tipo de abuso silencioso no qual o abusador faz com que a vítima não perceba os excessos. Ela acaba perdendo a autoestima, a confiança e o amor-próprio e passa a acreditar que não pode fazer nada sem a outra pessoa. Torna-se emocionalmente dependente.

“Esta é uma situação bastante difícil porque a vítima não se dá conta do abuso e chega a duvidar de si mesma. Ela costuma se anular em favor do outro. Gaslighting é considerado uma agressão psicológica silenciosa e causa severos maus tratos mentais e danos à vítima. Esta edição do BBB, por expor essa situação, fez uma alerta a um tipo de abuso muito comum na sociedade, que precisa de um basta enquanto há tempo. Após esse basta, é preciso fazer todo um trabalho mental, de preferência acompanhado por um especialista, para recuperar a autoestima perdida, a confiança e a liberdade para tomar seus próprios caminhos e decisões”, finaliza a especialista.

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