Em breve, o filme-documentário intitulado “Mestras”, ambientado na região amazônica, será lançado em diversos festivais. Este trabalho busca resgatar as composições, práticas e narrativas das denominadas “mestras da cultura popular”. A produção destaca mulheres que continuam ativamente envolvidas na criação, na música, na dança, e na mobilização de comunidades em prol de tradições ancestrais. Além disso, o documentário visa apresentar o conhecimento e a cultura dessas mulheres inspiradoras às novas gerações.
A jornada documental e musical é conduzida pelas artistas amazônicas Aíla e Roberta Carvalho, cujas biografias estão apresentadas abaixo. Essas artistas são responsáveis por iniciativas inovadoras no intercâmbio cultural entre a região norte e o restante do país, mantendo uma constante conexão com questões feministas ao longo de suas trajetórias.
“Desde que nasci, a minha história é contada por protagonistas mulheres. Fui criada por duas tias-avós e por minha mãe, e isso sempre me conectou com o feminino como referência de força, coragem e inspiração. Quando imaginei esse documentário, me vi em busca de visibilizar mulheres que foram apagadas da história da música da Amazônia, da música brasileira, Mestras da música. E isso em algum lugar me fez relembrar as histórias das minhas matriarcas, que também são mestras da vida. Mulheres em busca de outras mulheres, isso por si só já é revolucionário, né?”, declara a cantora Aíla.
Aíla, compositora e diretora artística, desempenha também o papel de narradora em “Mestras”. Ao compartilhar as histórias de sua mãe e avó, homenageando sua avó que partiu nas águas de uma Amazônia Atlântica pouco explorada, Aíla presta reverência às mestras ancestrais da música e da vida, mantendo viva essa herança.
O documentário musical explora diversas vertentes sonoras da música do Pará, incluindo o samba de cacete com a Mestra Iolanda do Pilão, o boi com a Mestra Miloca e o carimbó com a Mestra Bigica, integrante do grupo Sereia do Mar. Durante sua pesquisa, as diretoras mapearam inúmeras mestras da música paraense, muitas vezes negligenciadas nos registros da música brasileira. Isso ressalta como a história, de modo geral, é frequentemente contada por protagonistas masculinos, que predominam em todos os setores, desde as artes até a política. A participação da cantora Dona Onete é notável, compartilhando episódios significativos de sua trajetória, como gravar seu primeiro disco aos 73 anos, tornando-se uma referência da música paraense no Brasil e no mundo.
“As intervenções artísticas com projeção foram um elemento importante da narrativa. Projetar as imagens das Mestras em grande formato em suas cidades de origem foi uma forma de homenageá-las e de criar uma conexão emocional única entre suas histórias e o ambiente ao redor, imprimindo uma experiência visual e sensorial para o filme”, afirma Roberta Carvalho.
“Ao iluminar os espaços com projeção das imagens das Mestras, o filme transcendeu as fronteiras da tela e mergulhou diretamente na relação com a comunidades dessas artistas, dimensionando suas formas, exaltando-as e simbolicamente erguendo monumentos vivos de suas existências fundamentais para nossa cultura”, completa.
O projeto conta o patrocínio da plataforma Natura Musical via Lei de Incentivo à Cultura Semear, Fundação Cultural do Pará, e Governo do Pará.
Assista o Teaser AQUI.
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