Se hoje, por ventura ”alguma coisa acontecer no seu coração”, não se preocupe, talvez seja reflexo da data: O autor desta bela canção está fazendo aniversário. Há exatos oitenta anos nascia em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, Caetano Emanuel Vianna Teles Veloso, ou para nós, tão simplesmente Caetano. E será que são precisas mais palavras para defini-lo, sendo que a sua história se confunde com a história recente? Claro que sim. É por isso que hoje listamos oito momentos importantes nos oitenta anos de um dos grandes gênios da música brasileira.
1 – O início
Após uma breve passagem morando no Rio de Janeiro e participando de programas de rádio, Caetano volta a Bahia nos anos 1960, ganha um violão e passa a cantar com a irmã, Maria Bethânia em bares de Salvador. Em 1964, quando o Teatro Vila Velha é inaugurado, ele participa do show ”Nós, por exemplo” acompanhado dos ainda desconhecidos Gal Costa, Gilberto Gil, Tom Zé e da própria Bethânia.
O grupo é descoberto por Nara Leão que em sua passagem pela cidade vê que Bethânia tem bastante potencial, e a convida para ser sua substituta no show ”Opinião”. É então que Bethânia e Caetano vão para o Rio de Janeiro e começam a trilhar os grandes passos de suas carreiras. Caetano começa a participar dos festivais de Música Popular Brasileira na TV Record, e lança o primeiro disco em parceria com Gal Costa, intitulado “Domingo”.
2 – Tropicália
Em 1967, a Tropicália dá os primeiros passos nos festivais, o marco se dá quando Caetano canta “Alegria, Alegria” mesclando elementos regionais e a guitarra elétrica, o que gera grandes intrigas e divisões, já que muitas pessoas eram contra a inserção de elementos estrangeiros em nossa cultura, isso gerou mais tarde uma passeata contra a guitarra elétrica, a qual Caetano se opôs.
3 – O disco-manifesto
Em 1968 é lançado o disco “Tropicália ou Panis et Circensis”, que representa mais uma vez as posições políticas (O Brasil vivia uma ditadura), além da modernidade musical. Neste disco, Caetano grava “Coração Materno”, “Parque Industrial” e o “Hino do Senhor do Bonfim”, além de compor junto com Gilberto Gil a canção “Lindonéia”, baseada num quadro de mesmo nome a pedido de Nara Leão, que gravou a faixa que foi incorporada no disco. Foi também ideia de Caetano segurar uma foto de Nara na capa do disco, já que no dia ela preferiu se ausentar e não ir tirar a foto, porém, de uma maneira ou de outra, ela se fez presente.
4 – Brasilidade
“Quem não rezou a novena de Dona Canô?”, um dos trechos mais célebres da canção “Reconvexo”, onde Caetano traz figuras populares do Brasil, como um canto a própria terra. A canção foi também um manifesto contra o jornalista Paulo Francis, que mesmo morando em Nova York, fazia questão de criticar o Brasil em suas colunas de jornal. Caetano então, de forma sagaz traz um contraponto que entrou para a história da música. A canção foi primeiro gravada por Maria Bethânia, no disco “Memória da Pele” de 1989.
5 – Alianças
Em 1967, Caetano casou-se pela primeira vez com Andréa, a “Dedé” Gadelha, que era irmã de Sandra Gadelha, que veio a se casar em 1968 com Gilberto Gil, ou seja: A aliança de Gil e Caetano vai além de música, amor e amizade, quis o destino que seus filhos fossem também primos, para assim formar em definitivo os laços. Do casamento com Dedé, Caetano teve seu filho Moreno.
Mais tarde, Caetano casou-se novamente, dessa vez com a atriz Paula Lavigne, e desta relação nasceu Zeca e Tom.
6 – Seguindo os passos do pai
Seus três filhos também são músicos, e desde 2017 eles têm estado mais juntos, executando shows e trabalhos. O pontapé inicial foi no espetáculo “Ofertório”, onde lançaram a sensível música “Todo Homem”, composta por Zeca Veloso.
7 – Trilhas Sonoras
Caetano também se fez presente com sua música nas novelas, com canções como “Meia Lua Inteira” em Tieta (1989), “O Leãozinho” em Suave Veneno (1999), “Samba de Verão” em Laços de Família (2000), “Não enche” em Paraíso Tropical (2007), além do clássico “Você é linda”, que embalou a abertura da novela Belíssima em 2005. Um grande destaque também foi a música “A Luz de Tieta”, gravada em parceria com Gal Costa para o filme “Tieta do Agreste” de 1996.
8 – 80 anos
A vida é música, música também é movimento. E nesses oitenta anos Caetano mostra que nunca parou, mesmo quando foi exilado em 1969 após ser preso pela ditadura, continuou produzindo. E após muitos ciclos, muita diversidade e versatilidade na forma de protestar ou de nós embalar com suas belas canções, podemos conferir hoje, seu aniversário, uma Live em sua homenagem, organizada pelo GloboPlay, tendo a presença de seus filhos e de sua irmã, Maria Bethânia. O evento começará às 20h25 e será aberto para não-assinantes. O canal pago Multishow também exibirá simultaneamente.
Por: Maurício Viana