Rumo ao Hexa! Confira semelhanças entre a Seleção de 2002 e a de 2022

Foto oficial da Seleção Brasileira em 2022, os eleitos por Tite para representar o Brasil rumo ao Hexa. (Reprodução/CBF)

Há vinte anos, o Brasil festejou aquele que viria a ser o seu – até então – último título em copas do mundo. Agora, após duas décadas de distância, a seleção escalada chega como favorita desde o sorteio da fase de grupos e como se isso não fosse suficiente, também se destacou em campo, mostrando ao mundo como se faz futebol.

Agora, num momento em que a seleção e os brasileiros de um modo geral sonham em pôr a mão na taça (se Deus quiser) pela sexta vez, decidi elencar alguns fatores semelhantes entre a Seleção Brasileira de 2002 e a de 2022.

A foto oficial da seleção de 2002, os últimos a serem campeões da Copa do Mundo. (Reprodução/Placar)

UM NOVO HORIZONTE

Em 2002, foi a primeira vez que a FIFA sediou uma Copa na Ásia. Em 2022, é a primeira vez em que uma Copa é sediada no Oriente Médio, e a escolha se tornou bastante controversa pelas restrições impostas e pelo Catar não ser um país com cultura de futebol (não à toa, a seleção do país foi a primeira a ser eliminada da copa).

CONVOCAÇÕES QUE DIVIDIRAM OPINIÕES

A seleção de Felipão não agradou por alguns nomes que foram escolhidos na época, em matéria do Jornal Nacional na ocasião, torcedores questionavam escalações como as de Luizão e Vampeta, como também a ausência de Romário na convocação oficial.

Agora, uma escalação que trouxe dissonância entre Tite e os torcedores brasileiros, foi a convocação de Daniel Alves, sem motivações que de fato convencessem. Tite alegou que Daniel seria útil para articulação, e por ser um atleta visto como líder, necessário para o vestiário. 

Daniel é o mais velho do time, com 39 anos. Além de Tite não consolidar a narrativa de sua escolha, Daniel está em baixa produção e não há de fato motivos plausíveis para a escolha. Internautas chegaram a brincar dizendo que ele foi apenas para assistir os jogos da copa de camarote, permanecendo no banco, como uma vaca de presépio. Porém, Daniel será o capitão da seleção no jogo contra Camarões, na sexta-feira. Cabe ver se o desempenho irá surpreender, ou se irá se consolidar o erro de Tite em sua escolha. 

Um susto foi a saída de Danilo após uma lesão, e Daniel seria o substituto natural dele, o que logo causou alvoroço nas redes. Mas, Tite optou por colocar o zagueiro Éder Militão jogando improvisado como lateral, e obteve bons resultados.

O lateral Daniel Alves, que será capitão do time no jogo desta sexta-feira. (Reprodução/AFP)

SANTA DEFESA

Em 2002, o Brasil tinha no gol “São Marcos”, que ficou conhecido assim por fazer defesas milagrosas. Ao chegar na fase de mata-matas por exemplo, o time só sofreu um gol, situação semelhante com a atual seleção, que na fase de grupos segue invicta até então, sendo que Alison até o momento não fez nenhuma defesa e o time se mostra forte e alinhado.

O goleiro Marcos carregando a bandeira do Brasil. (Foto/Reprodução)

ZAGUEIROS, LATERAIS E VOLANTES

A seleção de Felipão teve como destaque o zagueiro Roque Júnior, que no jogo da final chegou a fazer trinta e cinco desarmes em campo. Agora, Éder Militão – que é zagueiro – atua bem jogando como lateral improvisado, a exemplo do que se viu no último jogo contra a Suíça.

Se em 2002 além de lateral ele também foi capitão, o jogador Cafu, que está no Catar acompanhando os jogos da seleção, fez elogios aos laterais da atual seleção brasileira. Seria uma passagem de bastão?

Na terra do sol nascente, Gilberto Silva foi um importante volante que não desfalcou o time em um minuto sequer. Já na terra das mil e uma noites, é a vez de Casemiro ser o representante da posição, com leitura de jogo e experiência, ele quase fez um gol no primeiro jogo contra a Sérvia, que acabou por acertar o travessão. Mas, em meio a tensão do segundo jogo, foi a hora dele mostrar a que veio, e fez um gol de respeito para acalmar os corações tupiniquins, já que o primeiro gol feito por Vini Jr. acabou sendo impedido.

O volante Casemiro, responsável por marcar o gol da vitória contra a Suíça. (Reprodução/CBF)

A DISPOSIÇÃO EM CAMPO

Felipão fez adaptações ao sistema tático que escolheu, e o fez pensando nos jogadores que tinha em campo, a exemplo de Cafu, a quem o técnico atribuía deficiências de marcação.

Já Tite, adotou seu esquema tático que traz Neymar como meia e podendo utilizar dois volantes, dois pontas pelos lados do ataque e até um centroavante, tudo podendo ser adaptado mediante a necessidade em campo. A maior parte das alterações está após o meio de campo, mas não impede que Tite mude os rumos na área do Brasil, como já fez ao jogar com Militão improvisado.

CAMPANHA

Em 2002, a seleção teve a melhor campanha desde 1970. E agora, em 2022, a seleção chega mais forte, e comentaristas como Juca Kfouri e José Trajano, compararam a estreia com a de 1970, dizendo que o Brasil não jogava tão bem a primeira partida desde o longínquo ano onde conquistou o tricampeonato. 

O capitão do penta, Cafu levanta a taça após a vitória contra a Alemanha. (Reprodução/Gazeta Press)

Após 4 Copas do Mundo, o momento atual é o mais favorável ao penta. Nas últimas copas, a seleção enfrentou problemas que tornaram esse sonho distante: Em 2006, a seleção fazia treinos abertos já que a empresa Kentaro havia comprado os direitos dos amistosos e vendeu ingressos para os treinos da seleção que eram lotados e se tornaram uma grande festa, na época, Cafu chegou a dizer que isso atrapalhava os treinos. Outro ponto foi a parte do técnico Parreira, que a CBF considerou que faltou comando do treinador, que foi visto com desconfiança também por parte dos jogadores. Parreira adotou estratégias equivocadas como só informar a escalação pouco antes do jogo começar, e também demorar a fazer mudanças, tais desentendimentos irritaram os jogadores.

Em 2010, o técnico Dunga enfrentou problemas com o time titular, mas não tinha um banco à altura para as substituições que eram necessárias a se fazer. Mesmo com o Brasil se mostrando forte, perdeu para a Holanda também nas quartas de final.

Em 2014, a seleção ficou em quarto lugar. Era a Copa sediada no Brasil, muita expectativa cercava a seleção. Mas, tudo foi abaixo quando Neymar sofreu uma lesão e ficou de fora do jogo contra a Alemanha. Com um time mal treinado por Felipão e que aparentava estar cego em campo, o Brasil acabou sendo eliminado numa goleada histórica de 7×1 que é lembrada até hoje como a maior vergonha dos mundiais. Felipão também adotou uma estratégia equivocada, como o time não ter reconhecido o campo do estádio do Mineirão, além do técnico ter feito um treino com um time reserva para despistar a imprensa, e acabou rendendo o que foi visto.

Tite assumiu a seleção em 2016, após o trauma vivido em 2014, o técnico arrumou o time e colocou a seleção para voltar a ser o que era, foi assim que a seleção retornou para a Copa de 2018, com um time melhor organizado e com grandes nomes que fizeram a alegria dos brasileiros após o vexame de 2014. Mas, a alegria durou até as quartas de final, quando acabou sendo eliminado pela Bélgica.

Foto oficial da Seleção escalada para a Copa de 2018, a primeira na gestão Tite. (Reprodução/CBF)

Agora, em 2022, o Brasil se desempenha bem, tem um time capacitado e bastante entrosado em campo. Seus grandes adversários até o momento na competição são a França, Espanha e Inglaterra, que tem se mostrado os times mais fortes até então. Em 20 anos, muita coisa mudou, mas muitas semelhanças permaneceram como vimos aqui, e por sermos brasileiros, não desistimos. Será que vem aí o Hexa? Vamos aguardar, mas o cheiro de campeão já está no ar.

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