Lia Clark, conhecida por ser a primeira drag queen a entrar no universo do funk brasileiro como cantora, lançou nessa última quinta-feira (3), seu terceiro álbum de estúdio intitulado “LIA (pt.1)”, e nós tivemos a oportunidade de bater um papo super legal com ela sobre esse seu novo projeto.
“Esse meu trabalho, ele foi concebido na pandemia, no momento onde parou tudo, acho que a vida de todo mundo parou. E eu comecei a me entender como artista e como pessoa, o que eu queria para o meu futuro, e eu queria muito me expressar como a Lia Clark, a drag do funk que as pessoas se apaixonaram.” diz Lia, sobre como foi o início da criação do seu novo álbum.
Quão desafiador foi para você trabalhar nesse álbum, durante esse período de pandemia?
“Foi tudo muito desafiador, ter que produzir um álbum sem saber quando você irá voltar aos palcos, sem saber o que vai acontecer com você ou a sua família, porque na época ainda não tínhamos a vacina. Foi difícil destravar bloqueios artísticos e criativos que eu acabei adquirindo durante a minha carreira. Foi difícil me conectar com os produtores através do digital e não estar ali presente, cara-a-cara, com eles para trocar energia. Foi muito desafiador, mas olhando para trás agora, se eu não tivesse feito esse álbum na quarentena eu teria enlouquecido, porque foi o que me ajudou a me manter sã.”
Você traz um pouco desse período solitário da pandemia para as composições desse álbum?
“Não, esse álbum é totalmente pra cima e divertido, por isso acabei segurando um pouquinho esse lançamento. Ele seria lançado em janeiro, mas quis esperar estar um pouco mais perto do carnaval, o que não adiantou muito porque acabou sendo cancelado, mas tá tudo certo, o álbum foi feito pra transmitir alegria e esperança pra todo mundo.”
O terceiro álbum de estúdio da Lia Clark conta com 7 faixas, incluindo “Eu Viciei”, música que foi lançada em 2021 e traz uma participação da Pocah.
Quais inspirações você quis utilizar para criar o LIA (pt.1)?
“Minhas inspirações vieram da minha playlist da adolescência, porque minha maior inspiração sou eu para esse álbum. Então foi a minha adolescência, o início da minha carreira, tudo o que eu passei e tudo o que fez eu me tornar a pessoa que sou hoje. A capa me inspirei em um ensaio da Valesca Popozuda para a Playboy, que se apresentou no primeiro baile funk em que eu fui. Sou muito apaixonada nas divas pop, Britney Spears é o amor da minha vida.”
Você levou essas inspirações para a parte visual do álbum?
“Os visuais são cem por cento sobre a minha vida e começo de carreira. Aquela drag sem recurso, que cresceu em um bairro simples na cidade de Santos e que sonhava em um dia ser uma pop star, do jeito que é possível.”
Neste álbum a artista aposta na junção de várias vertentes do funk brasileiro, como o rave funk, funk de favela e o funk pop. Em “VRAU”, Lia uniu o funk ao pagode baiano, em homenagem ao carnaval, festa que abriu as portas para suas primeiras canções.
Você é considerada a drag queen pioneira dentro do universo do funk. Como você se sente sendo referência e inspiração para as próximas gerações de artistas que queiram seguir carreira no funk, assim como você?
“Eu sempre penso que as pessoas que queiram trabalhar com música precisam ser muito reais ao que elas viveram, ao que elas gostam, ao que elas se identificam, e se ela se identifica com o gênero do funk e tem essa vontade de fazer, entende a história, entende que veio das comunidades, e respeita isso, se joga. Eu sempre penso que a pessoa tem que se jogar, esse é meu maior conselho, seja fiel a você mesmo e se jogue.”
Até o final desse ano, Lia Clark irá lançar a segunda parte desse projeto, intitulado “CLARK (pt.2)”, também perguntamos sobre o que podemos esperar dessa continuação.
“Eu tenho um conceito semi montado para esse novo momento, e eu quero muito retratar no “CLARK (PT.2)” a superação da Lia. Onde ela conseguiu ser uma popstar, onde hoje, por mais difícil que seja, ela ainda sim, consegue se manter na indústria musical.”
Lia Clark é de longe uma das artistas mais importantes da atualidade no Brasil, por ser uma artista LGBTQI+, devemos destacar que apoiar sua arte não deixa de ser um ato político, e mostra que a comunidade pode, e deve, ocupar todos os espaços na sociedade, servindo de inspiração para várias
pessoas.
Confiram o trabalho da Lia Clark, disponível em todas as plataformas: