O lançamento do álbum 23, primeiro projeto de estúdio de Raflow, trouxe ao artista um misto de alívio, orgulho e responsabilidade. “Na verdade, o meu desafio não foi nem transformar minha vivência em música. O meu maior desafio foi suportar tudo que eu vivenciei”, afirma.
Com 15 faixas que abordam resistência, pressão e descaso, o disco é
descrito pelo rapper como um manifesto para quem vive no limite entre o bem e o mal.
O álbum estreou com números marcantes: mais de 2 milhões de streams e views na primeira semana. “Fiquei felizão, de verdade. Não é só número, é prova de que a rua me ouviu, que o que eu falei bateu no coração de muita gente, e isso me dá mais sede ainda de continuar”, comenta o rapper, que transformou experiências duras da vida na favela em combustível criativo.
Para o artista, 23 representa maturidade e reflexão. “Eu mudei porque aprendi a ouvir mais e falar menos. A rua te ensina rápido que maturidade não é idade, é vivência. Como artista, comecei a ter mais cuidado com cada palavra que solto, porque sei que ela pode pesar na vida de alguém”, afirma.
O impacto do álbum vai além do público que compartilha da mesma realidade. Raflow explica que não tem a ilusão de mudar a cabeça de todo mundo, mas acredita que 23 abre espaço para o diálogo, permitindo que quem nunca pisou numa favela sinta um pouco dessa realidade e que quem vive nela se reconheça. Para ele, cada faixa funciona como uma cicatriz mostrada ao mundo, não como fraqueza, mas como prova de que sobreviveu.
Com 23, Raflow reafirma seu compromisso de dar voz àqueles que vivem realidades marginalizadas, transformando dor em resistência e música em instrumento de identidade e diálogo.