Contém spoiler.
Afinal, o filme Homem com H não é apenas uma cinebiografia.
É, acima de tudo, um manifesto artístico que revela a trajetória corajosa e transformadora de Ney Matogrosso, um dos artistas mais importantes do Brasil.
Dirigido por Esmir Filho, o longa mergulha nas dores, conflitos e na força criativa de Ney, da infância marcada pelo autoritarismo paterno até a consagração como ícone da música e da liberdade de expressão.
Mas afinal, por que assistir Homem com H? E mais do que isso: por que esse filme é tão importante para o entretenimento e a cultura brasileira?
A seguir, vamos te contar.
Uma identidade que marca o Brasil
Antes de tudo, entender a importância do filme passa por reconhecer o impacto de Ney Matogrosso na cultura brasileira.
Principalmente, com sua voz única, performances ousadas e figurinos marcantes, ele quebrou paradigmas de gênero, comportamento e arte, especialmente em uma época em que ser diferente era considerado perigoso.
Desde o sucesso estrondoso com os Secos & Molhados, Ney usou o palco como espaço de resistência e reinvenção. Ou seja, transformou o que era pessoal em político, desafiando normas com talento e expressão.
Portanto, a liberdade que ele conquistou, principalmente após romper com a rigidez imposta pelo pai militar, foi a chave para construir uma identidade artística que inspirou gerações.
Assim, sua arte se tornou um farol para quem busca autenticidade.
Por que o filme Homem com H é importante
O filme Homem com H é muito mais do que uma cinebiografia: ele é um retrato poderoso de um Brasil em plena ditadura militar, em que expressar-se livremente podia significar risco.
Assim, Ney Matogrosso surge nesse contexto como uma figura ousada e disruptiva. Dessa forma, enfrentava o regime com arte, coragem e beleza.
Sem gritar palavras de ordem, Ney protestava com o corpo, a maquiagem e a performance. Ele ocupava seu espaço com intensidade, no entanto, sem jamais se render, usando o palco como trincheira.
O peso de existir
Além disso, o filme trata com sensibilidade e profundidade um dos capítulos mais dolorosos da vida do cantor: a epidemia da Aids.
Entretanto, a narrativa mostra como Ney perdeu dois grandes amores, Marco de Maria e Cazuza, e teve que seguir em frente, firme, mesmo cercado pela incerteza e pela dor.
Em determinado ponto, ele questiona por que ainda está vivo, enquanto tantos outros não resistiram. Em outras palavras, o filme traduz esse dilema com delicadeza e impacto, revelando a solidão e a força de quem seguiu existindo.
Mas Homem com H também é um filme sobre pertencimento. Ney nos ensina que é possível escolher sua própria família, se cercando de amigos leais, artistas, afetos e parceiros que celebram quem você é.
Portanto, a construção da sua identidade, não depende do lugar onde você nasceu, mas daquilo que você constrói com amor e verdade.
O longa também emociona ao mostrar, com sutileza, a lenta transformação da relação entre Ney e seu pai.
Mesmo vindo de um lar rígido e violento, Ney nunca deixou de ser firme em sua essência. Com o tempo, essa postura despertou respeito, e até carinho, em quem antes o tentou podar.
No fim, o filme nos lembra que a história de Ney Matogrosso não é apenas a de um artista: é a história de alguém que viveu intensamente, amou sem medo e foi fiel a si mesmo, mesmo quando o mundo tentava silenciá-lo.
Por isso, Homem com H é essencial. Ele nos inspira a sermos livres, corajosos e, acima de tudo, autênticos.
Motivos para assistir Homem com H
Então, se você ainda está se perguntando se vale a pena assistir, aqui estão motivos definitivos para não perder esse filme:
1. Atuação transformadora de Jesuíta Barbosa
Jesuíta entrega uma das performances mais intensas de sua carreira. Ele mergulha completamente na energia de Ney, reproduzindo seus trejeitos, silêncios, olhares e explosões com maestria. Sua atuação é visceral e magnética.
2. Direção estética e sensível
Com uma direção afiada, Esmir Filho equilibra realidade e fantasia. Enquanto isso, a fotografia de Azul Serra destaca o contraste entre o espetáculo e a introspecção. Já a direção de arte de Thales Junqueira recria ambientes com autenticidade e beleza simbólica.
3. Trilha sonora poderosa
As canções de Ney não estão apenas presentes, elas guiam a narrativa. Com clássicos como “O Vira”, “Rosa de Hiroshima” e “Sangue Latino”, a trilha funciona como elemento emocional e narrativo.
4. Representatividade e liberdade
Certamente, o filme aborda com naturalidade temas como sexualidade, identidade, repressão e afeto. Ney é retratado como ser humano, artista e símbolo de resistência.
Com toda certeza, vê-lo nas telas é importante, necessário e impactante.
Cenas que marcam
- Confronto com o pai: a cena da infância marcada por violência é brutal e tocante. Mostra de onde veio a força para romper com padrões impostos.
- Performances de palco: as recriações de shows são visualmente impactantes e emocionantes, traduzindo a originalidade de Ney.
- Cena da AIDS: o momento em que Ney e Marco lidam com as notícias da epidemia é de uma carga emocional intensa, simbolizada por elementos visuais como a cobra e a arte de Keith Haring.
- Ney e Cazuza: o relacionamento com Cazuza é retratado com paixão e verdade. Uma das cenas mais delicadas do filme.
- Final com Ney real no palco: emocionante e simbólico, encerra o filme com a certeza de que a luta e a arte continuam vivas.
Conclusão: Homem com H é necessário e brilhante
Então sim, Homem com H é um ato de reconhecimento. Reconhecimento da história de um artista que desafiou regras, inspirou gerações e abriu caminhos para que a arte brasileira fosse mais livre, mais intensa e mais verdadeira.
Dessa forma, a cinebiografia emociona, informa e, acima de tudo, provoca. Ney Matogrosso não é apenas um cantor, é um símbolo da liberdade criativa. Logo, esse filme é tão importante.
Afinal, se você ama cultura, música e histórias reais que nos transformam, então Homem com H é para você. Assista, sinta e compartilhe.
A seguir, confira o trailer de Homem com H. O filme estreou no catálogo da Netflix.
Ficha técnica
HOMEM COM H
Ano: 2025
Duração: 129 min
Direção e Roteiro: Esmir Filho
Protagonista: Jesuíta Barbosa
Fotografia: Azul Serra
Direção de Arte: Thales Junqueira
Trilha sonora: Repertório original de Ney Matogrosso