Os (muitos) fãs de Young Royals estão em êxtase! A Netflix apostou na segunda temporada da série sueca que conquistou os jovens e adultos, além da crítica da dramaturgia, e mostra que tem muito pano pra manga para abordar em sua provável terceira temporada. Assim como Hertstopper, a série se apega ao público pela composição não explorada pelas produções: a representatividade LGBT+ como narrativa da história e uma expectativa de final feliz, a qual o público busca incansavelmente se agarrar.
Durante o primeiro ano da série, em caráter introdutório, passamos a conhecer Wilhelm (Edvin Ryding), príncipe da Suécia, que conhece um plebeu chamado Simon (Omar Rudberg) a qual o faz repensar a sua essência e explorar descobertas sexuais. Apesar de uma forte paixão ambientada dentro do colégio, que comina em algumas cenas apreciáveis de ambos juntos, os personagens encerram o enredo com a necessidade de se afastarem, após a divulgação de um vídeo sexual dos dois pelo antagonista da série August (Malte Gårdinger).
A utilização da monarquia como ponto central de um dos personagens principais é primordial. Desde sua primeira temporada, vemos a imposição de tradições e regras a qual Wilhelm não enxerga com bons olhos. Apesar de sua opinião cada vez mais crítica à corte, o personagem trava uma batalha interna entre proteger sua família real ou abdicar de seus privilégios em nome de Simon.
O segundo ano da trama se inicia com uma das características mais valiosas de sua produção, a descaracterização de estereótipos de dramaturgia americana colocando em cena o lado negativo e positivo de cada personagem. Vale destacar, inclusive, a boa sacada dos roteiristas de utilizar o afastamento de Wilhelm e Simon, desenvolvido por exaustão na primeira temporada, para trazer à tona personagens como Sara (Frida Argento) e Felice (Nikita Uggla) dando chances que o núcleo, pouco explorado em seu primeira ano, ganhe mais espaço a partir de então.
O afastamento de Wilhelm e Simon é certeiro para causa no público uma saudade calorosa, ao ponto de se criar uma tensão a cada momento em que ambos se encontram pelos corredores de Hillerska. Wilhelm é intimado pela família real a reativar os “bons constumes” da monarquia e se esquivar de todo e qualquer problema. Além disso, ele deverá se preparar para um importante anúncio, ponto climax da série, que abre caminho para o anúncio de seu novo ano; se não o fizer será substituído pelo seu primo e o próximo da linha sucessória, August.
Em contraponto do protagonista, os roteiristas levam August para um caminho mais empático, mostrado que apesar de ser um durão é acompanhado por arrependimentos e uma ligeira afetuosidade. O personagem engata um romance tão despretensioso com Sara que, por algum momento, conseguimos esquecer ligeiramente de odiá-lo.
É válido elogiar como os climas de romances são bem construídos e acerta mais uma vez quando não explora ao rídiculo a sexualização esforçada de seus personagens, respeitado a idade dos núcleos imposta pelo enredo. Temos uma construção de personagens reais, seja pela orientação sexual, com rostos reais, etnia e defeitos a qual o comove o público.
Os 6 episódios podem ser assistidos rapidamente, uma vez que a história é tão bem escrita que logo sentimos falta quando se encerra o tempo da trama. Por sí, entrega uma dinâmica invejável de equilíbrio entre o núcleo e aborda temas tão atuais que nos conforta. Um exemplo, a adoção de um personagem terapeuta abre margem para Wilhelm, um personagem tão recluso, comece a trabalhar seus sentimentos. Para a terceira temporada, é possível apostar como temas centrais: saúde mental, opinião pública conservadora e os escândalos policiais a cerca da divulgação e investigação da sex tape do príncipe.