Lançada em 2021, The White Lotus se tornou um grande sucesso a minissérie da HBO que é uma antologia – ou seja cada temporada explora a mesma temática, mas com um elenco quase todo novo – se tornou um sucesso de crítica, público e em prêmios se tornando vencedora de 5 Emmys de melhor minissérie, roteiro e direção para o criador da série Mike White, ator e atriz coadjuvante para Murrey Bartlett e Jennifer Coolidge. Após um grande sucesso a série agora vai para mais um belíssimo lugar, a Sicília.
Assim como no primeiro ano da série a segunda temporada se passa em um resort de luxo dessa vez na Itália, a temporada traz de volta apenas dois personagens do primeiro ano da série Jon Gries que interpreta Greg e a maravilhosa Jennifer Coolidge como Tanya, o restante do elenco é inteiramente novo e excelente deixando o patamar tão elevado quanto o da primeira temporada, mostrando ainda mais desse mundo de pessoas ricas que fingem ter uma vida feliz. Essa segunda temporada explora bastante os problemas conjugais, fala muito sobre traição e claro há algumas cenas bem quentes numa temporada que flerta com a tensão sexual.
The White Lotus continua nos moldes da primeira temporada, um corpo é encontrado e o mistério para descobrir “quem” e “como” parece ser a premissa para atrair o público, mas o melhor é poder observar todo o desenvolvimento dos personagens até aquele momento e Mike White criador da série que ainda roteiriza e dirige sabe claramente o que está fazendo, sua direção é primorosa que muito se deve também ao roteiro que é sólido e consistente, com uma narrativa que não só conta com o excelente trabalho dos atores, mas do cenário, da paisagem, da trilha sonora, White consegue captar tão bem o ambiente que esse está filmando mostrando o belo e o feio ao mesmo tempo, nos instigando a até mesmo gostar dessas pessoas sem caráter e até torcer por elas.
O início da temporada se dá mostrando ao público o que vem ai, mostrando todo o elenco principal, a socialite Tanya retorna para sua viagem de lua de mel com Greg, trazendo com ela sua assistente Portia (Haley Lu Richardson), além deles temos dois casais de “amigos” formados por Harper (Aubrey Plaza), Ethan (Will Sharpe) que são um casal que parece viver um relacionamento sólido, mas que em segundos de tela já se nota o incomodo pelo casal de amigos sem noção Cameron (The James) e Daphne (Meghann Fahy); além deles temos a família intergeracional Digrassio formada pelo avô Bert (F. Murray Abraham), o filho Dominic (Michael Imperioli) e o neto Albie (Adam DiMarco); e o núcleo local formado pela gerente do hotel Valentina (Sabrina Impacciatore) e as garotas de programa Mia (Beatrice Grannò) e Lucia (Simona Tabasco) que tentam a todo momento encontrar clientes no hotel.
O elenco está super a vontade em seus papéis Jennifer Coolidge mais uma vez rouba a cena com Tanya que é um show à parte, assim como Aubrey Plaza que está absolutamente fantástica e a todo episódio deixa o público perguntando se ira surtar com as coisas que é obrigada a ouvir e ver do casal de amigos, Theo James parece muito à vontade interpretando o estúpido e cretino Cameron, pouco tem falado de Meghann Fahy como Daphne, Fahy mostra um trabalho muito bom ao longo da temporada.
A série contínua a trazer em seu roteiro críticas sociais que funcionam como engrenagens no roteiro da série, como Cameron e Daphne que agem como um casal perfeito e feliz, que não precisam lidar com problemas e na verdade eles não querem e no auge do privilégio deles não se interessam em ver os problemas do mundo, se ausentando de ver o mundo como ele é, já Harper e Ethan são um casal mais “pé no chão” são novos nesse mundo e parecem ter muita consciência de classe, mas ao mesmo tempo eles são críticos ao estilo de vida dos “amigos” aliás parecem estar ali apenas suportando e fazendo julgamentos sobre eles, mas não percebendo que os próprios Ethan e Harper estão bem longe de serem o casal perfeito que eles acham que são.
Da mesma forma temos a família Digrassio que foi atrás de sua história de família e claramente tem um grande problema na suas relações com o sexo feminino, Bert o avô se acha um garanhão que está arrasando com as jovens sicilianas, não percebendo todo o estereótipo machista em seu discurso e em seus pensamentos, o filho dele Dominic, não fica atrás é um viciado em sexo que destruiu seu casamento e sua relação com a filha por só pensar em si mesmo, já Albie está mais próximo da geração atual, tenta ser mais descontruído principalmente quando se interessa por Portia a assistente de Tanya.
Tanya foi nessa viagem apenas para viver sua lua de mel com Greg, mas as coisas não são exatamente como ela imaginava e queria, a personagem continua exatamente a mesma e embora seja divertida não podemos fechar os olhos para os absurdos do privilégio que Tanya tem – meu deus ela mandou a assistente se trancar no quarto estando da SICÍLIA não que Portia parecesse está feliz, ela parece um tanto perdida ali sendo colocada em núcleos até ser necessária de verdade – o trabalho de Coolidge ajuda é claro e certamente vem mais uma indicação de Emmy para ela.
O núcleo dos locais é um caso à parte, a gerente do hotel Valentina parece uma mulher rígida, o principal problema aqui é que a personagem de Sabrina Impacciatore é pouco explorada principalmente nos primeiros episódios da temporada, já as amigas Mia e Lucia são um deleite em tela, não há como não torcer para as duas, afinal elas são apenas peças descartáveis para pessoas ricas e poderosas, logo é um prazer ver duas personagens tão inteligentes em tela.
A segunda temporada de The White Lótus mostrou que a série veio para ficar, manteve seu nível elevadíssimo da primeira temporada e conseguiu ainda mais sucesso, com uma narrativa profunda nas relações humanas em suas mentes e suas ações. Mike White realmente sabe o que está fazendo e sinceramente o nível de expectativa da próxima temporada está elevado, mal podemos esperar para saber qual novo e maravilhoso local será o ambiente para mais uma teia de aranha se formando.
