Crítica: “The Last of Us” 1ª temporada fala sobre a humanidade

Foto: Divulgação

A primeira temporada de The Last of Us terminou no último domingo (12). A série da HBO era uma das grandes promessas da emissora e por meses se falou sobre ela, além disso, a HBO fez um grande marketing da série e com o fim da temporada pode-se concluir que a série é um verdadeiro fenômeno, tanto de audiência, crítica e público, mas a grande pergunta após a temporada é: A série é realmente isso tudo?

A HBO tinha um grande desafio em produzir The Last of Us, há anos vemos franquias de jogos ganhando adaptações como Lara Croft e Resident Evil ou o mais recente The Witcher, mas claro que sempre existe medo em relação ao conteúdo apresentado ao público principalmente no quesito de fidelidade ao game, logo os fãs da franquia do jogo estavam certamente temerosos, mas certamente a série conseguiu conquistar tanto os fãs dos jogos quanto o grande público que nunca jogou The Last of Us.

Joel e Ellie os protagonistas dá série – Imagem: Reprodução/HBO Máx

Qual o segredo por trás dessa grande popularidade da série? Seria ao roteiro? A direção? Aos personagens e seus intérpretes? A resposta parecem ser todas, pois tudo funciona do jeito que tem que funcionar, a maneira com a qual o roteiro trabalha em mostrar as facetas da humanidade diante da calamidade, a direção aprimora todo aquele ambiente seja em horas de melancolia, seja em momentos simples de alegria, nunca parada em total vínculo com o ambiente natural que ali está durante toda a passagem pelos Estados Unidos, não há glamour, não há poderes milagrosos, tudo embalado pela trilha sonora que cai perfeitamente nos momentos certos, mas muito também se deve é claro ao elenco que domina o cenário.

The Last of Us mostra a fragilidade dos seres humanos

The Last of Us conta a história de um mundo pós apocalíptico onde temos o fungo Cordyceps como grande vilão e destruidor da raça humana, tendo que aplaudir Barrie Gower pelo excelente trabalho de maquiagem os infectados parecem muito reais, a forma como desenvolveram a maquiagem foi um grande acerto da série, que optou por esse recurso a fazer tudo em computação gráfica.

Embora seja muito bom ver todo aquele clima de tensão e terror diante das eminentes ameaças zumbis o trunfo da série está em seus personagens, está na humanidade.

Desde os primeiros episódios da série observamos as decisões dos seres humanos diante da destruição e catástrofe causadas pelo Cordyceps. Como a criação da Fedra onde novamente vemos a corrupção e opressão de uma organização que se divide entre opressores que são capazes de tudo desde agredir os moradores das zonas de quarentenas e os poucos que querem o bem de quem está ali apenas tentando sobreviver, vemos a fome e como as pessoas devem aprender a sobreviver num mundo cruel e sem esperança de ajuda, em contrapartida temos os Vagalumes que representam uma força contra a opressão da Fedra, com suas armas e suas crenças de um mundo livre da Fedra e do Cordyceps, mas que não difere tanto quando se pensa em fazer tudo para conquistar seus objetivos.

Humanidade como Protagonista

A humanidade é o grande protagonista da série sempre nos fazendo questionar até onde iremos, nos fazendo perguntar onde fica a ética e onde fica a moral num mundo acabado? A sobrevivência vale tudo? A vida é só mais uma passagem e como não pensar nisso ao ver o episódio 3? Ele claramente configura como um dos mais bonitos da temporada.

Da mesma forma vemos como as decisões são importantes nos episódios 4 e 5 e como as escolhas definem suas vidas, a personagem de Melanie Lynskey, Kathleen que ao tomar uma decisão afetou a todos na cidade, assim como Henry e muitos outros que precisaram fazer uma escolha para sobreviver mesmo que essa escolha seja terrível, a verdade é que o mundo em The Last of Us é cruel, logo podemos mesmo colocar questões morais e éticas dentro de um mundo que é uma luta por sobrevivência? Até mesmo no episódio 8 onde vemos o pior do que é para se ver da humanidade, onde há tamanha violência, ainda há aqueles que só querem viver mesmo que para isso tenham que fechar os olhos para o que está bem a sua frente.

Ellie se divertindo com Riley – Imagem: Reprodução/HBO Máx
A construção de um laço

A primeira temporada gira na construção da relação de Joel e Ellie, é impossível não ver como os personagens mudam totalmente em relação ao que eram no primeiro episódio, Ellie era apenas uma garota, estava sozinha e havia perdido a única pessoa que amava, sendo jogada para Joel que tem seus próprios fantasmas no armário e mesmo assim lá está ela sendo forte e corajosa, se tornando ao longo da temporada a personagem que mais cresceu, a forma com a qual ela lida com os acontecimentos com Sam, assim como a situação com David mostram a Ellie que o mundo é um lugar terrível e que nem todo monstro é aquele que está infectado pelo Cordyceps e as experiências que a jovem enfrentou nessa temporada são essenciais para formar quem ela se tornará na segunda temporada da série.

Joel é outro personagem que teve uma grande jornada, ele já no primeiro episódio perdeu tudo o que tinha de mais importante e mesmo que ainda restasse seu irmão e depois tenha encontrado Tess, Joel não era um cara legal, mas era leal ao que importava para ele, seja ao irmão que foi procurar, ou a promessa que fez a Tess. Construindo ao longo da temporada uma relação com Ellie, mesmo que ele fique em negação, atormentado pelos fantasmas de seu passado, um homem perigoso num mundo perigoso.

Joel e Ellie no episódio 9 – Imagem: Reprodução/HBO Máx

O último episódio foi bonito, dramático e surpreendente com retorno de alguns personagens que sinceramente não pareciam eles mesmo ao tomar decisões e no fim Joel tomou uma decisão intima que implica diretamente com dezenas de vidas que poderiam ser salvas ou não? Havia certeza ali? Onde ficou o poder de escolha de Ellie? Tanto pelas ações de Marlene quanto de Joel, nos fazendo novamente questionar até aonde podemos ir num mundo como o de The Last of Us, no final a decisão que ele tomou será o que ditará toda a segunda temporada da série que deve adaptar a parte 2 do jogo.

Atuações espetaculares

E o que dizer de Pedro Pascal e Bella Ramsey? Os atores estavam tão confortáveis em seus papeis, Bella certamente deu uma das melhores performances do ano, um tapa na cara daqueles que criticaram a escolha da atriz, seu desempenho na temporada foi espetacular, a maneira a qual vemos Ellie sobre diversas facetas e perspectivas não seriam as mesmas sem o esforço e talento de Ramsey. Da mesma forma Pedro Pascal está formidável como Joel desde sua faceta sem qualquer crença ou desejo, até o momento em que é gentil e claro quando sua faceta se torna extremamente violenta e capaz de fazer o que é necessário.

The Last of Us foi uma boa forma de começar o ano, certamente será lembrada ainda por muito tempo e deixou todos nós ansiosos e temerosos pelos acontecimentos da segunda temporada.

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